4 de dezembro de 2014

O sono



"A insónia é a vingança da mente 
por todos os pensamentos 
que evitamos durante o dia... “
(Alain de Botton)

O sono é um processo fisiológico dinâmico e complexo, com funções que passam pela reconstituição do organismo nomeadamente a reposição da energia gasta durante o dia. A duração média do tempo total de sono é de 6 a 8 horas embora existam diferenças de pessoa para pessoa uma vez que as necessidades quantitativas e qualitativas de sono de cada  um são aquelas que permitem estar acordado e ativo durante o dia. 
Uma das dificuldades do sono mais diagnosticada é a insónia, ou seja, dificuldades para adormecer à noite, despertar durante a noite ou muito cedo, não sentir que o sono tenha sido reparador após uma noite de sono. Tudo isto pode provocar falta de energia, fadiga, sonolência diurna, alteração do estado de humor, irritabilidade, falta de concentração, preocupações contínuas com o sono e consequentemente afetar o desempenho profissional, afetivo e sexual.
A insónia é  um sintoma e deve ser analisado tendo em atenção os fatores físico, psicológico e social. Podemos mesmo destacar os problemas familiares, económicos e profissionais. Entre as causas mais comuns da insónia  temos as mudanças no ambiente ou horário de trabalho, maus hábitos de sono que incluem irregularidade do sono, como dormir e acordar em horários diferentes todos os dias, atividades estimulantes antes de deitar, dormir em ambientes inapropriados e desconfortáveis. O uso de alguma medicação pode interferir e também o consumo de cafeína, nicotina, álcool, alguns chás, refrigerantes. Comer demasiado pode fazer com que uma pessoa se sinta fisicamente desconfortável na hora de adormecer.  As sestas podem também constituir outro problema na hora de ir dormir tal como a dor cronica, depressão, ansiedade, stress. 
Estudos recentes comprovam que a privação do sono compromete seriamente o funcionamento humano. Propomos algumas orientações e sugestões se sente que a sua qualidade de vida está a ser afetada pela insónia promovendo assim hábitos de sono saudáveis. 
Importa salientar que estas orientações não têm uma ordem específica, nem têm necessariamente de se aplicar todas as pessoas uma vez que cada pessoa tem as suas particularidades. Na correta interpretação da queixa de insónia é fundamental também procurar estabelecer relação da insónia com outros dados clínicos para chegar à causa do problema.
Os pensamentos, atitudes negativas e crenças irracionais acerca do sono devem ser substituídas, como por exemplo, as pessoas que acreditam ser imprescindível ter de dormir sempre 8 horas por noite para se sentirem bem durante o dia. Isso varia de acordo com cada pessoa.  Deve utilizar a cama e o quarto apenas para dormir e ir para a cama apenas quando está sonolento. Caso não consiga adormecer, deve ir para outra divisão da casa e apenas voltar para a cama quando voltar a sentir-se sonolento. Não se deve esforçar por adormecer mas deixar que o sono ocorra naturalmente. Procurar manter um horário de sono, deitar e levantar, mesmo ao fim-de-semana, e  independentemente da hora a que se deitou no dia anterior.  As pessoas com dificuldades no sono, de uma forma geral, passam mais tempo na cama num esforço de obter uma maior probabilidade de adormecer. Isto pode fracionar o sono comprometendo a sua qualidade. Deve-se reduzir o tempo que se passa na cama para aumentar a percentagem do tempo que se passa a dormir. A pessoa deve dormir o tempo suficiente para se sentir restaurada e não em demasia. Evitar sestas durante o dia.  Tentar pensar nos problemas durante o dia e não na hora de se deitar.  Se dormir mal uma noite, não desesperar. Na noite seguinte, deitar-se à hora normal. 
Os fatores ambientais do quarto como a luz, o ruído e a temperatura devem ser controlados. E ainda deve proteger o quarto de elementos que possam provocar distrações como por exemplo despertadores, televisão. Uma ligeira refeição antes de se ir deitar pode ajudar a dormir melhor e devem ser evitados o café, bebidas com cafeína depois das 16 horas. Evitar ficar agitado à noite. A prática do exercício físico regular também constitui um forte aliado.  
Todas as alterações nos hábitos e no ambiente de sono revelam-se eficazes. As instruções são simples e devem ser cumpridas de modo consistente. Trata-se apenas de uma reaprendizagem do saber dormir que vai ajudar a melhorar a sua qualidade de vida. 

Bom sono!

6 de novembro de 2014

Colo e Colinho - Aspectos gerais sobre a vinculação e o desenvolvimento


Uma pessoa inteligente resolve um problema, 
um sábio previne-o”
Albert Einstein

O bebé desenvolve-se sobre um suporte genético que é melhorado por uma saúde e nutrição adequadas, relações interpessoais enriquecedoras e pelas experiências vividas. Os três primeiros anos são os mais críticos do seu desenvolvimento e as suas experiências nestes anos irão marcar profundamente toda a sua personalidade e estrutura cerebral, formas de relacionamento com os outros, regulação das suas emoções e até a sua confiança em si e autonomia serão influenciados por este início de vida.
Em 1958 o psicólogo Americano Harry Harlow quis investigar sobre a natureza do amor entre o bebé e o seu cuidador. Realizou várias experiências com macaquinhos rhesus bebés, na sua experiência mais conhecida separou os macaquinhos à nascença de suas mães e colocou-os junto a dois dispositivos que substituiriam as mesmas. Uma era feita de arame e a outra era revestida a tecido felpudo. O que observou foi que os macaquinhos preferiam estar junto da “mãe” revestida a tecido felpudo do que da outra revestida a arame mesmo quando era esta ultima que provia o alimento o seu comportamento baseava-se em permanecer junto da “mãe” felpuda e por vezes ir alimentar-se na “mãe” de arame regressando de imediato. Esta experiência sugere que o amor do bebé pela mãe não se deve somente à necessidade fisiológica de alimento. O principal motivo da vinculação (laço afetivo especial entre bebé e seu cuidador) não se deve a fome ou sede. Nas experiências seguintes Harlow observou que apesar de não existir diferenças ao nível do desenvolvimento físico, os macaquinhos bebés que tinham mantido contato com “mães” felpudas beneficiavam relativamente ao seu desenvolvimento psicológico em relação aos macaquinhos que apenas tinham tido contato com as mães de arame.  
Um bebé é um ser individual que passou os primeiros 9 meses da sua vida a viver em dualidade com a mãe, precisamente no colo a ser embalado pelos movimentos da mãe e muito bem aconchegado no seu útero ouvindo a melodia do seu coração e do fluxo de oxigénio e alimento que a placenta lhe proporcionava. Este é o ambiente no qual o bebé foi concebido, tornou-se embrião e depois feto, onde se desenvolveu até ao nascimento. Quando nasce, o bebé entra em contato com o mundo novo, desconhecido até aqui e tem necessidade de continuar a ser embalado e aconchegado com o calor humano. A necessidade de contato físico humano não é um capricho do bebé, mas sim, uma necessidade fisiológica do seu desenvolvimento.  
Esta boa vinculação apenas é possível quando os pais respondem de forma adequada, positiva, carinhosa e continuada aos apelos do filho, isto significa alimentar, tratar da higiene do bebé mas também aconchegar, mimar, embalar, dar colo mas principalmente significa que o cuidador tem que ser uma pessoa confiável para o bebé respondendo adequadamente aos seus pedidos, fortalecendo com estas atividades simples, a sua confiança e futura autonomia. 
Os pais e cuidadores devem mimar os seus bebés quando estes queiram ser mimados. A atenção, mimo, colo e outros cuidados em geral devem ser dispensados sempre que exista essa necessidade por parte do bebé. Tendo sempre o cuidado de permitir à criança que também brinque sozinha de forma a perceber que é um ser individual e consequentemente, amparada pelo carinho paterno, poder desenvolver a sua independência. Para que isto aconteça os cuidadores deverão estar atentos aos pedidos (choro e outras manifestações de desconforto) do bebé, atendendo quando existe essa necessidade e quando não existe, promover a sua autonomia. Quando esta prática (entre o mimar e permitir que brinque sozinho) é realizada com equilíbrio a criança estará mais perto de se desenvolver de forma saudável e tornar-se-á a cada dia mais autónoma. 
Assim segundo os estudos realizados foi observado que o contato físico com o bebé (desde que este queira) facilita uma boa vinculação que proporciona ao bebé um melhor desenvolvimento físico e emocional que se transformará num adulto mais equilibrado e feliz. 

Mamã, eu (não) quero!


“As necessidades básicas do ser 
humano são comer e amar.”
Sigmund Freud

Na maior parte das vezes, os pais, com um grande desejo de que a criança esteja bem nutrida e saudável, fazem da hora das refeições o momento de maior tensão em casa, com ansiedades e reprovações ao comportamento da criança em relação ao alimento. Uma criança pode passar a ter “falta de apetite” se os pais forem pessoas autoritárias e ansiosas, que criam um ambiente tenso, com pressas e ameaças em vez de fazerem da hora da refeição um momento de encontro e diálogo, de tranquilidade e afetividade. Enquanto os pais obrigam e ameaçam, as crianças são capazes de continuar sentadas à mesa com a comida na boca horas a fio.
A resistência das crianças ao comer é normal. Faz parte do seu espírito de rebeldia às coisas que lhe são impostas. É nisso que consiste educá-las. Aprender que quase tudo tem um tempo e um lugar. E também maneiras. E para tal é necessário um método e um tempo de aprendizagem.
O que podemos então fazer para que as crianças tenham hábitos de alimentação corretos?
Estabelecer rotinas. As rotinas são essenciais para as crianças e as refeições devem ter um horário e um local fixo. A criança deve fazer quatro ou cinco refeições por dia e não lhe devemos permitir comer fora das horas estabelecidas. Evite totalmente os maus hábitos: nada de bolachas, nem doces para que deixem de chorar. A regularidade e a confiança são a base para criar o hábito de comer bem. Os pais devem transmitir a segurança necessária, com a repetição sempre das mesmas ações para que a criança entenda que comer o que lhe puseram no prato e no sítio adequado é a coisa mais natural do mundo. No primeiro dia é provável que não seja tudo assim, nem no segundo. Mas o importante é que os pais não hesitem nem alterem os procedimentos. A criança está a aprender e isso leva tempo.
As refeições devem ser agradáveis e feitas sempre em família, com todos os seus membros juntos e partilhar os acontecimentos do dia. Se as refeições são curtas demais as crianças podem não ter tempo suficiente para comer, principalmente quando ainda estão adquirindo as capacidades para comerem sozinhas e podem comer devagar. Por outro lado, ficar sentada por mais de 20 ou 30 minutos é, muitas vezes, difícil para a criança e a refeição pode se tornar aversiva. Devemos ter em conta que nestas idades a criança é um ser muito ativo e portanto devemos servir a comida rapidamente e motivar a criança para que não prolongue a hora da refeição. É preferível tirar-lhe o prato do que deixá-lo durante horas à sua frente.
Não entretenha as crianças com contos, brinquedos ou televisão enquanto lhe dá de comer colher a colher. A criança precisa se concentrar na atividade da refeição, sentir o sabor dos alimentos e entender a sensação de fome e de saciedade. Brincar com o alimento, mas não brincar com a alimentação. Isto é, não distrair, não enganar, não forçar, não castigar ou premiar. O aviãozinho, por exemplo, não é uma boa opção, pois é uma maneira de enganar e distrair a criança. 
As crianças gostam de ver e de tocar em tudo, por isso devemos permitir inicialmente que a criança toque na comida, brinque com a colher, suje a mesa, pois isto permite que aprenda rapidamente a comer sozinha.

Incentivando-a a fazer as coisas por si própria, estamos a conseguir aumentar o seu interesse e apetite pela comida.
As crianças precisam de tempo para aceitar um alimento novo, uma vez que todos os sabores são desconhecidos. Se recusa algo novo devemos voltar a dar-lho depois e sempre pouco a pouco, duas colheres, depois três, até que chegue o dia em que coma todo o prato.
Um erro no qual muitos pais caem é prepararem apenas alimentos que sabem que os filhos gostam ou evitar outros porque os pais também não gostam. Nenhum é pretexto para justificar os maus hábitos de alimentação nas crianças. 
No entanto, é importante que os pais que têm estas dificuldades e não conseguem gerir procurem ajuda profissional. Muitas vezes é necessário descartar se não existe alguma perturbação orgânica. Estas dificuldades na hora da refeição muitas vezes geram problemas em toda a dinâmica familiar. Educar os nossos filhos a comer bem é educar um corpo saudável e é pouco mais que uma questão de paciência. Desesperar é (a única) coisa que não costuma funcionar. 

10 de setembro de 2014

Hábitos de Estudo



“Encher um cérebro à pressa é como fazer depressa uma mala barata, 
Aguenta a carga durante algum tempo mas depois acaba por cair tudo” 
(“Esqueça tudo o que sabe sobre bons hábitos de estudo, 2010”)

O início de um novo ano escolar traz consigo um acumular de novas aprendizagens e experiências que fortalecem a construção do aluno não só como estudante mas também como cidadão. 
Para atingir esse propósito, tal como está implementado no Decreto-lei nº. 18/2011, de 2 de Fevereiro deve-se seguir um dos objetivos impostos pela educação, a melhoria da autonomia da aprendizagem e acréscimo dos resultados escolares. Portanto, para além de um apoio aos alunos que mostrem dificuldades de aprendizagem relacionadas com carências nos métodos de trabalho e de estudo deve-se impor uma preparação para as exigências decorrentes da vida em sociedade, por isso o desafio concentra-se na urgência de se desenvolver um ensino contextualizado, centrado em métodos de aprendizagem que originem bons resultados, que capacitem os estudantes para os diferentes conflitos da vida, na escola e além desta. 
Neste processo encontramos a necessidade do aluno, também, de usufruir de um bom suporte familiar, este apoio é, paralelamente à escola, um alicerce ao desenvolvimento dos processos evolutivos da pessoa. Uma boa relação com a família desempenha um papel fundamental no suporte a um conjunto de crenças e comportamentos dos estudantes que contribuem para o sucesso, tais como: um maior número de atitudes positivas acerca da escola; aumento do tempo dedicado à aprendizagem; aumento da atenção e da persistência na realização de tarefas; e aumento do sentido de responsabilidade pessoal para a obtenção de melhores resultados escolares. 
Levanta-se a questão: como estudar? Se o principal objetivo for a obtenção de uma nota final num exame, não há fundamentos científicos que neguem que o “empinanço” não tem sucesso. Neste caso a informação pode manter-se algum tempo mas acaba por desaparecer. Para haver um desenvolvimento da aprendizagem do aluno deve-se promover uma aprendizagem que se mantenha em “reserva”, para que numa futura necessidade o aluno tenha a informação e consiga aplicá-la e realizar com sucesso a tarefa pedida. 
Para tal, é aconselhável que o leitor tenha em atenção o seguinte quadro, que nos exemplifica o que se deve e não se deve fazer para adquirir hábitos de estudo mais eficientes:


O que fazer!

- Distribuir matérias em diferentes sessões de estudo!
- Pratique, faça testes! A prática incrementa os níveis de memória a longo prazo e de domínio do estudo.
- O local de estudo deve ser um ponto de bem-estar, com as condições adequadas a um bom estudo. Tenha a luminosidade adequada, espaço, seja arejado, e com poucas distrações por perto.
Autonomia do aluno! Deve organizar-se, decidir o que deve estudar, quando estudar e estruturar o seu estudo.
- O aluno não deve estudar exclusivamente sozinho, pois ao estudar com colegas o aluno observa outras formas, maneiras de organizar a matéria, estratégias e práticas na abordagem da mesma. 
Tirar notas, fazer os seus próprios apontamentos. Escrever uma certa ideia depois de a ouvir inteiramente, façam a sua própria versão e imponham a sua compreensão e construção do seu significado pessoal dos assuntos.




O que não fazer!

- Estudar várias matérias numa prolongada sessão!
- Centrar-se numa única disciplina por sessão de estudo, está comprovado que estudar mais do que um tema por sessão contribui para aprendizagens mais duradouras!
- Não variar os seus locais de estudo! Deve encontrar o seu espaço dentro da sua casa, pois está comprovado que o seu próprio quarto é o local de maior aquisição de um estudo eficaz!
- Ter uma perspetiva irrealista da dificuldade das tarefas. Pensar que a tarefa é muito difícil ou muito fácil vai mexer com a sua motivação, desmotivando o aluno, neste caso à partida ou após a realização da mesma.
- Desprezar a importância das revisões da matéria, na véspera e durante as sessões de estudo. Não pensar em perguntas que poderiam, fazer parte de um teste futuro.
- Ter receio de colocar questões e dúvidas aos professores e familiares! Não pesquisar por si próprio! 


22 de julho de 2014

Gestão de Conflitos



“É melhor enfrentá-lo com habilidade pessoal do que evitá-lo”
(Chrispino, 2004)


Os conflitos não são uma situação nova, são acontecimentos normais do desenvolvimento humano. São toda a opinião divergente ou forma diferente de ver ou interpretar algum acontecimento. 

Todos nós temos personalidades diferentes, interesses diferentes e objetivos de vida diferentes. Assim, é normal que muitas vezes nos encontremos em situações de divergência.
Geralmente o conflito é encarado como um acontecimento negativo, pois é visto pela maioria das pessoas como um comportamento pouco saudável, associado à angústia, à dor e à violência, que pode afetar negativamente as relações sociais e o processo ensino e aprendizagem, supondo-se então que o melhor é evitá-lo ou eliminá-lo do nosso dia-a-dia. No entanto, os conflitos não devem ser evitados ou eliminados, pois estes possuem inúmeras vantagens. Numa perspectiva positiva, o conflito estimula o interesse e a curiosidade, transforma positivamente as relações entre os envolvidos, ajuda a equilibrar as relações sociais e a compreender o ponto de vista do outro, aumenta a cooperação entre as pessoas e ensina que a discórdia pode ser uma oportunidade de crescimento pessoal e social.

A verdade é que o conflito só por si não é algo positivo ou negativo, mas é o modo como o gerimos e enfrentamos que lhe vai atribuir essa condição. Por exemplo, durante um processo de divórcio um ex-casal luta pela posse de uma casa.  Se as hipóteses de solução deste conflito se resumirem a uma competição, existindo a possiblidade de haver apenas um ganhador, vai ser negativo pois alguém vai ter de perder para o outro ganhar. Por outro lado, se as hipóteses de solução deste conflito passarem pela colaboração, é possível procurar uma solução que seja positiva para ambos, podendo haver dois ganhadores. Isto é, poderiam optar por vender o carro e dividir o lucro, sendo que assim ambos sairiam beneficiados e um não perdia face ao outro. No entanto, nem tudo o que é disputado em conflitos são bens materiais. Muitas vezes estes conflitos passam por ideias, interesses ou objetivos, que devem ser bem discutidos e negociados, recorrendo a cedências por parte de ambos os envolvidos. Ademais, estes também incluem, por diversas vezes, a disputa de filhos em situações de divórcio, o que revela a elevada importância que uma boa resolução de conflitos pode ter.

Deste modo, para que seja possível tirar algo de vantajoso destas situações e chegar a um consenso satisfatório para todos, devemos recorrer à transformação do modo como enfrentamos os conflitos, promovendo estilos mais adequados de os gerir e resolver, tornando-os em algo mais positivo e construtivo. 

Neste sentido, foi realizado um Programa de Intervenção para a Gestão dos Conflitos Escolares, numa turma do Município de Vila Real de Santo António, com o objetivo de promover métodos mais adequados de gestão e resolução de conflitos entre alunos. Para isso, numa primeira sessão, foram abordados temas como a confiança, as competências sociais e a coesão grupal, que se revelam fatores de alta importância para uma eficiente gestão de conflitos, e, numa segunda sessão, foi desenvolvido o processo de Mediação de conflitos (que se trata de um procedimento no qual os envolvidos, com a ajuda de uma terceira pessoa imparcial, analisam o conflito e desenvolvem soluções alternativas, adaptadas e satisfatórias para todos), de modo a habilitar os alunos a serem capazes de intervir e solucionar eficazmente situações de conflito interpessoal.

Finalizando, para uma gestão adequada dos conflitos é importante lembrar que não devemos remar cada um para seu lado, mas remar juntos na mesma direção, pois unidos somos mais e melhores!

Os Factores de Risco e Manutenção das Perturbações do Comportamento Alimentar na Adolescência


Vivemos livres numa prisão.
Daniel Sampaio

A alimentação tem uma importância fundamental para o desenvolvimento adequado das crianças e dos adolescentes. A manutenção de um padrão alimentar apropriado reflecte-se na saúde física e mental, no entanto esse padrão por vezes é desconhecido tanto para os adolescentes como para os adultos que com eles vivem.
A adolescência é um período de grande vulnerabilidade, pois o adolescente tem um profundo desejo de exercer a sua independência, procurar a sua identidade e imagem corporal ideal, tomar as suas próprias decisões, experimentar novos estilos de vida e muitas vezes negar os valores já existentes. Estes factos levam à adoção de novos padrões alimentares por vezes com motivações de independência familiar ou de influência dos seus pares ou heróis. Também nesta idade uma autoimagem satisfatória e o facto de serem vistos de forma atraente pelos outros, constitui uma prioridade. 
Os comentários desagradáveis acerca do peso e forma corporais entre pares têm um efeito directo na insatisfação corporal e na adopção de Perturbações do Comportamento Alimentar.
Estas perturbações, representados pela Anorexia Nervosa, Bulimia Nervosa e pelas Perturbações do Comportamento Alimentar sem Outra Especificação, são transtornos frequentemente crónicos e associados a um elevado índice de morbilidade.
Caracterizam-se por uma preocupação mórbida com o peso e imagem corporal, como principal fonte de autoestima, conduzindo a um comportamento alimentar progressivamente ritualizado e provocando graves distúrbios somáticos que comprometem a saúde e põem em risco a própria vida.
Vários factores de risco têm sido implicados no desenvolvimento desta perturbação, como a adolescência, no sexo feminino, viver numa sociedade ocidental; com história familiar de PCA, alcoolismo, abuso sexual, depressão e obesidade.
As características da família (relações interpessoais, opinião sobre o corpo, hábitos alimentares, abuso de substâncias) podem também constituir importantes factores na génese e manutenção destes problemas. Em muitos casos, a família pode manter, mediatizar e complicar a evolução da doença, pelo que no seu tratamento, por vezes são usadas técnicas de terapia familiar.
Os comportamentos de dieta na família são aprendidos e podem ser adoptados pelos adolescentes que vêm a desenvolver mais tardiamente estas doenças. 
Outro factor de risco importante são os casos de Alcoolismo e de abuso de outras substâncias em familiares em primeiro grau dos indivíduos com Anorexia Nervosa e Bulimia Nervosa; nestes doentes os comportamentos mais frequentemente observados são os episódios bulímicos, a recorrência ao vómito, ao abuso de laxantes e outros medicamentos ao longo da doença.
Entre os fatores socioculturais é possível destacar: a cultura ocidental com as suas mudanças dietéticas, a influência dos meios de comunicação na transmissão dos actuais padrões de beleza e sucesso social e a moda.
Somos diariamente confrontados, através dos meios de comunicação social, com verdadeiros modelos estéticos, que nos impõem ou criam o desejo da procura de um enquadramento nesses padrões, podendo-se afirmar que o ideal de magreza é cobiçado por todos. No entanto, muitas vezes, os corpos perfeitos difundidos pelos media, não passam de imagens manipuladas e artificiais. 
Todos estes factores de risco podem influenciar o desenvolvimento das Perturbações do Comportamento Alimentar. Considera-se importante denunciar junto dos nossos adolescentes o ideal de magreza, minimizar a aparência como principal razão de admiração, enfatizando outras características, como a competência e o esforço, para além da aparência.
Em suma, as perturbações do comportamento alimentar devem ser entendidas como doenças que reflectem a confluência entre a psicologia individual, os determinantes biológicos, as dinâmicas familiares e os fatores socio-culturais. O entendimento, a interpretação e a compreensão dos comportamentos e atitudes disfuncionais perante o corpo e a alimentação, só farão sentido numa perspectiva multidimensional, cada um destes fatores por si só, é necessário, mas não suficiente. 


Psicoterpia: Tempo e Compromisso


“A única coisa que se aprende 
e realmente faz diferença no comportamento da pessoa que aprende 
é a descoberta de si mesma.” 
Carl Rogers

Hoje as pessoas estão mais sensibilizadas para a importância dos psicólogos, para a necessidade de procurar ajuda psicológica mas por vezes mostram-se decepcionadas pela intervenção proposta ou com a falta de resultados imediatos.
A psicoterapia envolve um processo de mudança da pessoa, da forma de perspectivar a vida, de se relacionar com os outros e certamente uma mudança no seu eu, de modo a que a pessoa se encontre mais próxima daquilo que deseja ser e em se sinta mais em paz consigo própria.
Tal como nesta fase do ano as pessoas procuram estratégias para apresentar um corpo elegante no Verão, muitas procuram também formas de ser mais felizes, mais amadas, mais realizadas.
No que toca ao emagrecimento, sabemos que existem todo o tipo de produtos, mais de marketing do que outra coisa, que prometem dietas milagrosas, corpos esculturais, tudo sem dor, sem esforço e sobretudo sem ter de mudar nada no que toca ao estilo de vida.
Também no que toca ao bem-estar psicológico existem também muitas promessas de soluções milagrosas, desde livros de auto-ajuda, a tratamentos express, terapias alternativas, medicamentos sem efeitos secundários, entre outros. Tanto num caso como noutro, quase todos tem duas premissas em comum: a urgência dos resultados imediatos (não há tempo a perder!) e pouco esforço envolvido (sem compromissos nem cedências).
Sabemos pela experiência que os resultados obtém-se com a combinação de vários componentes: consulta a especialistas, medicação, auto-ajuda, mas que não dispensam dois factores importantíssimos: tempo (só intervenções com a duração adequada permitem realizar alterações significativas e portanto duradouras) e compromisso com a mudança (a pessoa necessita estar empenhada de forma consistente com o esforço que é necessário para mudar).
Nesta fase, poderíamos comparar o psicólogo a personal trainer. Ele trabalha com a pessoa, semanalmente, após ter feito um estudo aprofundado das melhores estratégias para atingir os resultados propostos, acompanha os progressos, exige o esforço, motiva para a mudança e monitoriza os resultados. Mas que tem de fazer o esforço (ou o exercício!) é a própria pessoa.

Quando na consulta apresentamos ao nosso cliente aquilo a que chamamos um contrato terapêutico, que no fundo remete para o compromisso que iremos estabelecer para efectivar as mudanças necessárias, deparamos com pessoas surpresas,  pouco disponíveis para  investir o tempo necessário ou com dificuldade em iniciar o processo de mudança.
Uma vez ultrapassada esta barreira inicial, quando as pessoas que se conseguem comprometer-se e manter esse compromisso no tempo, obtém resultados, sente-se cada vez mais capazes de encarar e resolver os seus problemas, bem como tem relações mais estáveis e gratificantes com os outros. São pessoas menos surpreendidas pelos acontecimentos da sua vida, capazes de uma maior auto-analise e que mesmo em momentos difíceis, conseguem não perder de vista o seu projecto de vida. 
Mesmo depois de ter alta, muitos clientes mantém o psicólogo como uma referência para momentos determinantes da vida (casamentos, divórcios, nascimento de filhos, ou processos de luto). Outras trazem os familiares para que possam ser apoiados da mesma forma. O objectivo final, é que a pessoa consiga interiorizar um método de gerir a sua própria vida, aprendendo a reflectir, agir e relacionar-se mais de forma mais saudável.
Sabemos que são muitos aqueles que desistem antes de chegar a esta etapa, mas tal como no ginásio, arrisque a frequentá-lo por um ano inteiro e depois comparar os resultados. 

5 de março de 2014

Hora da Caminha


“…e amanhã cedinho, bem cedinho
tu vais ver
acordas mais forte e mais esperto,
isso é crescer.”
José Mendes Martins – “Vitinho”

Dormir bem é fundamental para o desenvolvimento das crianças. Mas o que significa dormir bem? Significa que o bebé consegue dormir durante a noite, sem interrupções, na sua cama e sem ajuda ou presença dos pais.
Uma pesquisa publicada no Jornal Médico Britânico descobriu que há uma relação entre o padrão de sono dos mais pequenos e o desenvolvimento cognitivo. Segundo este estudo, as crianças que tinham horários irregulares para dormir até os três anos foram as mais afetadas quando se tratava das competências para aquisição  de leitura, aritmética e percepção espacial.
Os pesquisadores concluíram ainda que os três primeiros anos de vida são um momento particularmente sensível para o sono e a sua relação com o desenvolvimento do cérebro. Durante o sono, os processos cognitivos organizam-se permitindo a aprendizagem e o estabelecimento de ligações entre as células cerebrais, e um desenvolvimento cerebral harmonioso. Além da renovação celular, a produção de grande número de hormonas ocorre durante o sono e são elementares para o crescimento e saúde do bebé.
A quantidade e qualidade do sono são uma das grandes preocupações dos pais. Ou o bebé acorda muitas vezes durante a noite para ser alimentado ou, já maior, nega-se a ir para a cama, ou insiste em levantar-se e dormir com os pais. Aos seis meses de idade, o bebé deve ser capaz de adormecer e dormir sozinho oito a dez horas seguidas.
A aquisição de bons hábitos de sono é aprendida e depende da atitude dos pais ao ensinar com segurança e tranquilidade as rotinas adequadas. O que fazer? Não existem gotas milagrosas para ensinar o bebé a dormir. Há, no entanto, algumas dicas que podem fazer toda a diferença!
Perceber os sinais. À medida que os pais conhecem os seus bebés começarão a reconhecer os sinais de quando o seu bebé tem sono. Bocejar é o sinal mais óbvio de que o bebé está com sono, mas também um determinado tipo de choro, o puxar pela orelha ou esfregar os olhos.
Estabelecer uma rotina. Os bebés e as crianças pequenas adoram rotinas. Esta deverá ser agradável e calma e pode incluir um banho, uma brincadeira mais tranquila, trocar de roupa, contar uma história , cantar canções de embalar ou um beijo de boa noite.
O importante é que a rotina se encaixe no ritmo da sua família e, principalmente, que ocorra no mesmo horário e da mesma forma todos os dias.
Adormecer sozinho. É fundamental que a criança adquira desde cedo autonomia para adormecer, isto é, que seja capaz de acalmar-se e adormecer sozinho sem a presença do adulto. Esta é uma capacidade importante que o bebé irá utilizar no resto da sua vida! 
Durante as várias fases do sono o bebé pode acordar a meio da noite.
 Se a criança estiver habituada à presença do adulto para adormecer, irá necessitar dessa presença cada vez que se tratar de readormecer. Para que adormeça de forma autónoma o bebé deve ser deitado na sua cama quando está com sono mas ainda acordada e não já a dormir.
 Dê ao bebé um peluche, uma fralda ou uma chucha para o ajudar a adormecer. Este objecto tem um efeito tranquilizador e deve ser usado exclusivamente para adormecer, para que o bebé possa associá-lo ao dormir.
Embalar o bebé até não conseguir mais, levá-lo a passear de carro, deitá-lo ao seu lado para fazê-lo dormir, permitir que fique acordado até se sentir exausto, são procedimentos que apenas prolongam os problemas e o bebé poderá ter muitas dificuldades em voltar a adormecer sozinho quando acordar a meio da noite. Também é aconselhado que os bebés se alimentem depois da sesta e não antes, uma vez que isso faz com que associem o leite ao sono e acabam por precisar de leite para acalmar (e adormecer) sempre que acordam a meio da noite. Ao alimentar o bebé depois da sesta ele não associará o sono à "comida" além de que comerá muito melhor já que terá mais energia e estará desperto o suficiente para não adormecer. 
Esperar com calma. Sempre que o seu bebé despertar durante a noite não vá ter com ele imediatamente. Existem mães que têm "molas" no corpo e que reagem por impulso a cada ruído do bebé. Espere sempre um pouco para perceber se o bebé continua a dormir e fica tranquilo nos minutos seguintes ou se, de facto, precisa de si. Se após um bocado continuar a chorar, pode-se entrar no quarto e permanecer uns minutos para acalmá-lo com palavras tranquilas, colocando o objecto de dormir perto, ou com uma carícia suave e breve. Deve-se evitar pegar-lhe ao colo, agarrar-lhe na mão, deitar-se ao seu lado na cama, acender-lhe a luz ou qualquer outra coisa que possa estimulá-lo. Os pais deverão sair do quarto enquanto a criança ainda estiver acordada.
Para o bebé, aprender a dormir é parte integrante da aprendizagem da sua autonomia. Para os pais ensinar um bebé a dormir, ser capaz de se separar dele, de se distanciar, é dar ao bebé a oportunidade de “aprender” a tornar-se independente durante a noite e consequentemente durante o dia.  Bons sonhos para todos!

4 de fevereiro de 2014

Cuidar de quem cuida


“Não há heroísmo maior que o de amar e tratar dos outros”
Pam Brown, N . 1928


Nos passados dias 16 e 17 de Janeiro foi realizada uma formação direccionada para cuidadores informais de pessoas dependentes, com o propósito de discutir questões como o que é cuidar, que impacto tem essa tarefa no cuidador e, principalmente, formas de lidar com o stress e procurar encontrar formas de “cuidar de si”.
 Quando nos deparamos com uma situação de doença necessitamos de ajuda, de um acompanhamento especializado e de um apoio incondicional para que consigamos ultrapassar tal momento da nossa vida. No entanto, situações de doença crónica implicam cuidados adicionais, continuados e/ou paliativos, que permitam ao doente não a cura ou tratamento dos sintomas, mas a procura do bem-estar físico e psicológico no momento em que lida com as consequências da doença.
Neste sentido, se pensarmos na forma como cuidamos das pessoas que são portadoras de doenças crónicas, concluímos que em Portugal a maioria dos cuidados são efectuados no âmbito familiar. Na sua maioria os cuidadores são mulheres, entre os 45 e os 60 anos. Habitualmente são as esposas ou as filhas que assumem este papel, muitas vezes em detrimento de uma vida profissional que as preencha, e prestam este tipo de cuidados durante vários anos.
Aceitarmos cuidar de alguém que apresenta algum tipo de dependência não é algo que planeemos ou possamos antecipar. Quando surge essa necessidade podemos assumir este papel por vários motivos, sendo exemplos disso a necessidade de retribuir de alguma forma o que essa pessoa já fez por nós, ou o facto de ser habitual, para o cuidador, os cuidados serem prestados por familiares ou ainda a recusa, por parte do doente ou dos próprios cuidadores, em institucionalizar a pessoa dependente. Neste sentido, os cuidados que mais se verificam relacionam-se com as Actividades de Vida Diária, como cuidados de higiene pessoal, vestir, alimentar, mobilidade, etc. Os cuidadores auxiliam ainda em actividades como o transporte, compras, actividades domésticas, preparação  de refeições, administração e gestão financeira ou administração de medicamentos.
Devemos então reflectir na forma como este papel interfere no quotidiano de quem cuida e que consequências acarreta para a sua vida, sendo que a família tem que reorganizar-se para poder lidar com a situação, pois a prestação de cuidados implica um processo de readaptação a novos papéis, tanto por parte do cuidador como por parte do alvo dos cuidados.
Esta readaptação a um novo papel, a novas responsabilidades normalmente é acompanhada de sentimentos de elevada realização pessoal. Quem cuida procura dar o melhor de si em prol do bem-estar de quem é cuidado e quando cumpre este objectivo o cuidador sente-se útil, há uma troca mais intensa de afectos e experiências, que aproximam de forma evidente a pessoa dependente e o seu cuidador. Esta aproximação provoca orgulho pelos cuidados prestados, prazer por ver o familiar bem cuidado, sentimento de dever cumprido, etc.
Por outro lado, importa também evidenciar que ao assumir-se como cuidador principal de um familiar, quem cuida vai a curto prazo sofrer considerável desgaste físico e emocional, devido às exigências que o novo papel impõe. Assim sendo, podem surgir questões relacionadas com as dificuldades financeiras que uma doença crónica acarreta ou com as exigências de tempo e energia que o doente possa fazer. Por outro lado, o quotidiano do cuidador é alterado, sendo que muitas vezes não encontra tempo para si ou para dedicar à família e outras relações interpessoais. Do ponto de vista emocional também se podem verificar algumas alterações, como é o caso do aparecimento de sentimentos de culpa do cuidador, vergonha, baixa auto-estima e preocupação excessiva com o familiar dependente.


Como cuidar de si:

Descansar e ter uma alimentação adequada.
Procurar ter tempo livre.
Desabafar, falar dos problemas com alguém.
Praticar exercício físico.
Estar informado sobre os processos da doença de quem cuida.
Encontrar soluções para acalmar-se em momentos de maior stress.
Planear com antecedência e estar preparado para o que possa acontecer.
Experimentar várias soluções até encontrar a que resulte.
Podemos então concluir que o acto de cuidar, embora uma tarefa pesada e difícil, é um acto de humanismo, de demonstração de amor perante um familiar ou amigo que se depara com uma situação em que necessita de ajuda.

3 de janeiro de 2014

O Natal




“Natal é em Dezembro
Mas em Maio pode ser
Natal é em Setembro
É quando um homem quiser
Natal é quando nasce uma vida a amanhecer
Natal é sempre o fruto que há no ventre da Mulher.”

Ary dos Santos



O Natal é uma época especial, de encanto, de magia da generosidade e é a festa da família.
Os sentimentos, os sentidos, as emoções e as sensações manifestam-se com grande intensidade. Cheiramos cheiros diferentes, saboreamos os sabores do Natal, abraçamos, beijamo-nos mais e tocamo-nos mais, ouvimos sons e músicas do Natal, visualmente temos mais estímulos visuais, mais luzes/brilhos e vemos as coisas de maneira diferente.
O Natal reaviva a fé, a esperança e a generosidade, gestos relacionados com a gratidão, ao perdão e ao reconhecimento.
O Natal é o tempo para distinguir o essencial do acessório.
Em algumas famílias, dependendo das relações familiares, pode ser complicado. A imposição de passar o Natal com aquelas pessoas com as quais não nos identificamos ou a impossibilidade de estarem todos juntos, pode ferir suscetibilidades e por vezes gerar conflitos.
O Natal é oportunidade de estar junto com os outros e não uma obrigação.
O Natal é a expressão da vivência da continuidade da família. É o tempo para celebrar a vida, dos presentes e dos ausentes, e também daqueles que já partiram mas que continuam nos nossos corações.
O Natal é o tempo de pensar de forma mais afetiva e próxima dos outros. A preocupação de agradar ao outro, o cuidado em pôr bem a mesa, escolher e preparar a refeição, as decorações e as prendas.
O Natal é ser mais do que fazer. É tempo de nos mobilizarmos para os outros, é tempo de solidariedade e tempo de olhar para o outro de forma mais próxima.
Apesar do ano ter sido difícil, vamos viver a dádiva do Natal como um presente. Presente tempo, presente recebido e presente oferecido.
E dê um presente a si próprio: disponibilize-se para os outros e irá receber bom presente de retorno.

Boas Festas!