“Não há heroísmo maior que o de amar e tratar dos outros”
Pam Brown, N . 1928
Nos
passados dias 16 e 17 de Janeiro foi realizada uma formação direccionada para
cuidadores informais de pessoas dependentes, com o propósito de discutir
questões como o que é cuidar, que impacto tem essa tarefa no cuidador e,
principalmente, formas de lidar com o stress e procurar encontrar formas de
“cuidar de si”.
Quando nos deparamos com uma situação de
doença necessitamos de ajuda, de um acompanhamento especializado e de um apoio
incondicional para que consigamos ultrapassar tal momento da nossa vida. No
entanto, situações de doença crónica implicam
cuidados adicionais, continuados e/ou paliativos, que permitam ao doente não a
cura ou tratamento dos sintomas, mas a procura do bem-estar físico e
psicológico no momento em que lida com as consequências da doença.
Neste sentido, se pensarmos na forma como cuidamos das pessoas que
são portadoras de doenças crónicas, concluímos que em Portugal a maioria dos
cuidados são efectuados no âmbito familiar. Na sua maioria os cuidadores são
mulheres, entre os 45 e os 60 anos. Habitualmente são as esposas ou as filhas
que assumem este papel, muitas vezes em detrimento de uma vida profissional que
as preencha, e prestam este tipo de cuidados durante vários anos.
Aceitarmos
cuidar de alguém que apresenta algum tipo de dependência não é algo que
planeemos ou possamos antecipar. Quando surge essa necessidade podemos assumir
este papel por vários motivos, sendo exemplos disso a necessidade de retribuir
de alguma forma o que essa pessoa já fez por nós, ou o facto de ser habitual,
para o cuidador, os cuidados serem prestados por familiares ou ainda a recusa,
por parte do doente ou dos próprios cuidadores, em institucionalizar a pessoa
dependente. Neste sentido, os cuidados que mais se verificam relacionam-se com as Actividades
de Vida Diária, como cuidados de higiene pessoal, vestir, alimentar,
mobilidade, etc. Os cuidadores auxiliam ainda em actividades como o transporte,
compras, actividades domésticas, preparação
de refeições, administração e gestão financeira ou administração de
medicamentos.
Devemos então reflectir na forma como este papel interfere no
quotidiano de quem cuida e que consequências acarreta para a sua vida, sendo
que a família tem que reorganizar-se para poder lidar com a situação, pois a
prestação de cuidados implica um processo de readaptação a novos papéis, tanto
por parte do cuidador como por parte do alvo dos cuidados.
Esta readaptação a um novo papel, a novas
responsabilidades normalmente é acompanhada de sentimentos de elevada
realização pessoal. Quem cuida procura dar o melhor de si em
prol do bem-estar de quem é cuidado e quando cumpre este objectivo o cuidador
sente-se útil, há uma troca mais intensa de afectos e experiências,
que aproximam de forma evidente a pessoa dependente e o seu cuidador. Esta
aproximação provoca orgulho pelos cuidados prestados, prazer
por ver o familiar bem cuidado, sentimento de dever cumprido, etc.
Por outro lado, importa também evidenciar que ao
assumir-se como cuidador principal de um familiar, quem cuida vai a curto prazo
sofrer considerável desgaste físico e emocional, devido às exigências que o
novo papel impõe. Assim sendo, podem surgir questões relacionadas com as
dificuldades financeiras que uma doença crónica acarreta ou com as exigências
de tempo e energia que o doente possa fazer. Por outro lado, o quotidiano do
cuidador é alterado, sendo que muitas vezes não encontra tempo para si ou para
dedicar à família e outras relações interpessoais. Do ponto de vista emocional
também se podem verificar algumas alterações, como é o caso do aparecimento de
sentimentos de culpa do cuidador, vergonha, baixa auto-estima e preocupação
excessiva com o familiar dependente.
Como cuidar de si:
Descansar e ter uma
alimentação adequada.
Procurar ter tempo livre.
Desabafar, falar dos
problemas com alguém.
Praticar exercício
físico.
Estar informado sobre os
processos da doença de quem cuida.
Encontrar soluções para acalmar-se em momentos de maior
stress.
Planear com antecedência e estar preparado para o que
possa acontecer.
Experimentar
várias soluções até encontrar a que resulte.
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