6 de novembro de 2012

Principio Ético Como Filosofia de Vida





“Não darei veneno a ninguém ainda que me o peça,
nem lhe sugerirei tal possibilidade”
Hipócrates

Com a criação da Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) como organismo regulador da profissão de psicólogo em Portugal, torna-se indiscutível a necessidade de existirem normas de conduta profissional e que essa mesma necessidade é hoje fundamental na ordenação do pensamento sobre as questões éticas e deontológicas essenciais ao exercício dessa profissão.
Como princípios importantes e imutáveis devemos salientar que o psicólogo deve estar sempre ao serviço do Homem e da sua saúde e bem-estar, sendo que as relações terapêuticas com os clientes devem assentar na confiança e na aceitação incondicional do carácter e escolhas pessoais dos mesmos, desde que estas sejam enquadradas num exercício de racionalidade e de respeito pelo outro. Através do Código Deontológico (CD) da Ordem dos Psicólogos Portugueses, temos acesso aos princípios orientadores e às regras de comportamento ideais que devem estar presentes em todas as circunstâncias nesta profissão. Contudo, existem casos reais extremamente delicados, para os quais nenhum C.D. consagra normas e orientações suficientes, sendo assim a consciência do psicólogo (bem formado eticamente) que encontra a solução mais adequada. Quanto mais científica e mais defensora da dignidade e do respeito pela identidade do ser humano, mais ética se tornará essa solução. O psicólogo, “possuidor” do poder interventivo terapêutico, deve tornar imperativo o objetivo de pautar as suas ações, não por uma ideologia teórica político-social, mas sim por uma pratica que efetive o Homem na essência do seu todo e da sua nobreza idiossincrática.
O poder seja de que origem for, deve intervir em favor da ética, sendo que o poder para servir ideologias ou satisfazer clientes está, na maioria das vezes, contra a ética. Quando tal realidade se apresenta ao psicólogo, este deve fazer uso do seu dever de integridade e inteireza moral. Nesta classe profissional, torna-se necessário que à coerência de personalidade se adicione uma fidelidade aos princípios de atuação da profissão e sentindo, todos os que dela fazem parte, como missão permanente a defesa dos mesmos quando ameaçados. Tal como está referido no C.D. da O.P.P., a integridade poderá ficar comprometida sempre que o profissional se deixar influenciar pelas suas próprias motivações ou crenças, preconceitos e juízos morais, nos casos em que surjam conflitos de interesse pessoal, profissional e institucional, dilemas centrados nas hierarquias, ou mesmo a partir de pedidos não razoáveis dos clientes. Quando confrontado com alguma destas situações, o psicólogo deverá promover a reflexão das diferentes perspetivas em equação com o objetivo de alcançar situações de compromisso que respeitem os princípios gerais, específicos e linhas de orientação da prática da Psicologia. 
De facto, os psicólogos devem sentir o peso da responsabilidade ética da sua profissão, tanto dentro como fora das consultas, das escolas, dos tribunais, das empresas, dos hospitais... Tornando-se assim não penas uma mera profissão mas toda uma filosofia de vida para quem, com mérito, a escolheu exercer.