Colaboração do NEIP com a CPCJ
9 de abril de 2012
Dizer “NÃO” – Manual de Sobrevivência para Pais
Podemos começar por imaginar como
seria uma escola onde não existissem regras, exames, controlo dos alunos ou de
professores. Ou como seria uma família em que não existisse qualquer tipo de
orientação, em que ninguém se preocupasse com nada e cada um fizesse o que
entendesse. Será fácil imaginar o caos, o desespero e até a injustiça presente
nestas situações.
Na educação das crianças é crucial
que este caos e este desespero não se instalem e para isso é essencial saber
dizer “NÃO!”. Quem nunca se deparou com uma criança que chora e esperneia na
hora do banho, só quer comer em frente à televisão, quando vê um brinquedo numa
loja faz birra e só pára quando os pais decidem comprá-lo? Os pais do mundo
moderno sentem-se muitas vezes sem tempo, sem espaço para os filhos, vivem numa
tensão contínua com medo que os seus filhos os censurem por não lhes darem
atenção, que estão sempre com pressa, que são um fracasso como pais. Estes
pais, movidos por algum sentimento de “culpa” acabam por fazer cedências em
relação aos pedidos e à vontade dos filhos que vão desfavorecer toda a
aprendizagem de regras importantes.
Esta ausência de regras e limites na
educação das crianças pode trazer sérios problemas ao relacionamento entre pais
e filhos, além de produzir adolescentes e adultos com falhas no seu
desenvolvimento pessoal e social, levando a uma baixa resistência às
frustrações que vão enfrentar no dia-a-dia. Crianças que nunca são contrariadas
acabam por se tornar adultos infelizes, agressivos, deprimidos, já que a
sociedade e o mundo não dão o mesmo “SIM” incondicional dos pais.
O que fazer? Estabelecer limites e
regras não é tarefa fácil, mas muito mais complicado é mantê-las. Ter de
enfrentar as birras no supermercado, os esperneios, o choro interminável é
muito mais difícil. Há algumas orientações que podem ajudar os pais a prevenir
e ultrapassar estas situações e que não podem faltar na relação com as
crianças, mas isso daria para um livro inteiro. Tentaremos resumir algumas, em
jeito de “comprimido”.
O primeiro passo é os pais sentirem-se seguros
e passarem essa segurança para os filhos. Uma criança percebe quando um “NÃO”
pode ser um talvez e nesse caso não irá cumprir o estipulado e irá tentar levar
os pais ao limite para conseguir aquilo que quer. Os pais devem definir as
regras que desejam estabelecer, o que podem e não podem fazer (hora de dormir,
as refeições, o estudo, as actividades, o arrumar o quarto, …). É necessário
explicá-las de forma clara e bastante objectiva de forma a evitar ambiguidades,
evitando justificações. Os longos discursos costumam ser pouco úteis com os
adultos. Com as crianças, mais do que inúteis, são muitas vezes
contraproducentes.
Em segundo lugar devemos ser mais
perseverantes do que as crianças. Neste aspecto as crianças levam anos de
vantagem. São muito mais perseverantes que os adultos e mostram isso todos os
dias. Devemos mentalizar-nos e sentir que não podemos falhar para que a criança
possa sentir essa segurança, essa paciência e que assim facilita os objectivos
propostos.
Mais e melhor do que punir o
inadequado é reforçar o que é adequado. A criança deve ser elogiada, reforçada
com atenção e afecto quando cumpre as regras e limites impostos. Os comportamentos que são reforçados tendem a ser repetidos.
Estes reforços devem, no entanto ocorrer de forma natural e o menos planeado
possível para não ganhar a forma de chantagem.
Procurar encontrar
diariamente alguns momentos de qualidade com os filhos, nem que sejam poucos
minutos, na hora do banho, antes de ir para a
cama, etc., desde que a criança os sinta como momentos de prazer. São os
momentos de partilha que constroem as relações positivas.
Falem com os vossos filhos sobre as
emoções, traduzindo-as por palavras. Diga o quanto gosta do seu filho mesmo
quando ele está zangado. Dê-lhe mimo porque eles precisam de beijinhos e
abraços e nunca foi isso que “estragou” uma criança. Seja consistente e cumpra
sempre o que prometeu. As crianças são justas e precisam de regras e limites
para crescerem seguras.
Estas são apenas algumas
das orientações que os pais podem adoptar. Muito mais poderá ser dito e feito. No entanto, torna-se necessária e urgente uma mudança de
atitude dos pais. É um treino diário, um processo de aprendizagem mútuo que requer
observação das necessidades da criança, que mudarão ao longo de seu
desenvolvimento, provocando mudanças na árdua tarefa de educar. Porque para educar é preciso esforço, dedicação,
persistência e paciência... muita paciência...
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