" A minha vontade
de dar aulas foi diminuindo
e cada vez me sinto
pior (…)
O simples facto de
pensar em voltar à sala de aula
provoca-me pavor , um
medo terrível…”
A síndrome de Burnout constitui um distúrbio psíquico que se
caracteriza por um sentimento muito intenso de tensão emocional. Leva a que a
pessoa sinta uma sensação de esgotamento e falta de energia e de recursos
emocionais próprios para lidar com as rotinas da prática profissional. Este
desgaste profissional presente na pessoa está relacionado a uma vulnerabilidade
diretamente ligada a alguns fatores como: a sua idade, o nível de escolaridade
e de instrução, a falta de eficácia, instabilidade emocional, pouca resistência
ao stress, o facto de ser uma pessoa com tendência para se sentir muito
responsável, sem apoio social, com dificuldades em lidar com acontecimentos
exteriores a si e com baixa capacidade para enfrentar situações difíceis,
sobretudo a tensão no trabalho. Ocorre com mais
frequência nos profissionais que têm contacto direto com o público.
A síndrome de Burnout desencadeia uma série de
sintomatologia que pode variar nas diferentes pessoas. Os sintomas principais
são: desmotivação em relação ao emprego, dificuldades de atenção e
concentração, aumento do stress e ansiedade laboral, taquicardia, irritação
gástrica, dificuldade respiratória, tremores, hipersudação, inquietude,
distúrbios do sono, oscilação de humor, irritabilidade, medo de perder o
controlo. Nos casos mais graves podem surgir crises de pânico.
O Burnout possui várias etapas. Inicia-se com o
desenvolvimento de um cansaço psicológico em que se verifica uma perda
de energia e entusiasmo. Mais tarde, evolui para uma despersonalização - a
pessoa dá respostas frias, monossilábicas, apresenta-se sem vontade e com um
atendimento distante relativamente aos clientes, aos doentes ou às pessoas com
quem tem de contactar. Numa fase mais avançada da síndrome, revela ausência de
realização pessoal, o trabalho não satisfaz as necessidades, passa a ser
considerado “pesado”, pouco gratificante, é elaborado de má vontade e com a
sensação de que este não tem qualquer valor positivo. Além disso, a pessoa
desenvolve ainda uma perceção de si própria cada vez mais negativa, perde a
auto-estima e a auto-confiança, torna-se depressiva, com tendência para o
isolamento, com a sensação de desespero e de vazio desenvolvendo toda a
sintomatologia referida anteriormente.
Uma vez que a pessoa perde o sentido da
sua relação com o trabalho, o tratamento deve passar pelo restabelecimento da
situação laboral que foi alterada. Para isso devem-se avaliar os fatores que
estão a gerar o stress laboral e valorizar os recursos e as competências
pessoais para que a pessoa possa encarar corretamente a situação conflituosa e
ao mesmo tempo encontrar respostas adequadas para a enfrentar sempre com o
apoio por parte da Psicologia. O acompanhamento psicoterapêutico é muito
importante porque para além do referido ajuda a pessoa a encontrar outras formas de realizar o trabalho. Na maior
parte dos casos, existe também o tratamento farmacológico. A pessoa pode ainda
frequentar sessões de grupo para trocar ideias com outros, conversar com os
colegas de trabalho para que se sinta apoiada. A atividade física também é
muito valorizada para alivio dos sintomas desencadeados, controlo do stress e
sensação de bem-estar.
Para prevenir a doença deve-se ter uma atitude positiva em
relação ao trabalho. Como? Mantendo a confiança em si mesmo quando ocorrem
fracassos, desenvolver relações positivas para com colegas e para com as
pessoas que se atende. Ao mesmo tempo, devem estabelecer-se prioridades entre
as tarefas e definir objetivos reais e flexíveis. Ainda, controlar o ritmo de
trabalho e usufruir do tempo livre com atividades gratificantes. As
responsabilidades laborais devem ser definidas, conhecer-se e controlar toda a
sua área de trabalho e, ao mesmo tempo, usar todos os recursos disponíveis.
Procurar ajuda sempre que necessário tanto ao nível técnico como emocional,
aprimorar as habilidades de relacionamento interpessoal e manter sempre uma
atitude de abertura uma vez que pode ser necessário, a qualquer momento,
efetuarem-se mudanças no método e ambiente de trabalho.
Fica como nota importante que deve cuidar de si, uma vez que
o cuidado do outro depende do seu cuidado. Lembrar que é importante fazer parte
da relação profissional com o cliente mas que esta relação não é a única. A
saúde mental e física fazem parte da sua responsabilidade e são muito
importantes para um bom desempenho laboral.