4 de setembro de 2013

Síndrome de Burnout




" A minha vontade de dar aulas foi diminuindo
e cada vez me sinto pior (…)
O simples facto de pensar em voltar à sala de aula
provoca-me pavor , um medo terrível…”

A síndrome de Burnout constitui um distúrbio psíquico que se caracteriza por um sentimento muito intenso de tensão emocional. Leva a que a pessoa sinta uma sensação de esgotamento e falta de energia e de recursos emocionais próprios para lidar com as rotinas da prática profissional. Este desgaste profissional presente na pessoa está relacionado a uma vulnerabilidade diretamente ligada a alguns fatores como: a sua idade, o nível de escolaridade e de instrução, a falta de eficácia, instabilidade emocional, pouca resistência ao stress, o facto de ser uma pessoa com tendência para se sentir muito responsável, sem apoio social, com dificuldades em lidar com acontecimentos exteriores a si e com baixa capacidade para enfrentar situações difíceis, sobretudo a tensão no trabalho. Ocorre com mais frequência nos profissionais que têm contacto direto com o público.
A síndrome de Burnout desencadeia uma série de sintomatologia que pode variar nas diferentes pessoas. Os sintomas principais são: desmotivação em relação ao emprego, dificuldades de atenção e concentração, aumento do stress e ansiedade laboral, taquicardia, irritação gástrica, dificuldade respiratória, tremores, hipersudação, inquietude, distúrbios do sono, oscilação de humor, irritabilidade, medo de perder o controlo. Nos casos mais graves podem surgir crises de pânico.  
O Burnout possui várias etapas. Inicia-se com o desenvolvimento de um cansaço psicológico em que se verifica uma perda de energia e entusiasmo. Mais tarde, evolui para uma despersonalização - a pessoa dá respostas frias, monossilábicas, apresenta-se sem vontade e com um atendimento distante relativamente aos clientes, aos doentes ou às pessoas com quem tem de contactar. Numa fase mais avançada da síndrome, revela ausência de realização pessoal, o trabalho não satisfaz as necessidades, passa a ser considerado “pesado”, pouco gratificante, é elaborado de má vontade e com a sensação de que este não tem qualquer valor positivo. Além disso, a pessoa desenvolve ainda uma perceção de si própria cada vez mais negativa, perde a auto-estima e a auto-confiança, torna-se depressiva, com tendência para o isolamento, com a sensação de desespero e de vazio desenvolvendo toda a sintomatologia referida anteriormente.
 Uma vez que a pessoa perde o sentido da sua relação com o trabalho, o tratamento deve passar pelo restabelecimento da situação laboral que foi alterada. Para isso devem-se avaliar os fatores que estão a gerar o stress laboral e valorizar os recursos e as competências pessoais para que a pessoa possa encarar corretamente a situação conflituosa e ao mesmo tempo encontrar respostas adequadas para a enfrentar sempre com o apoio por parte da Psicologia. O acompanhamento psicoterapêutico é muito importante porque para além do referido ajuda a pessoa a encontrar outras formas de realizar o trabalho. Na maior parte dos casos, existe também o tratamento farmacológico. A pessoa pode ainda frequentar sessões de grupo para trocar ideias com outros, conversar com os colegas de trabalho para que se sinta apoiada. A atividade física também é muito valorizada para alivio dos sintomas desencadeados, controlo do stress e sensação de bem-estar.
Para prevenir a doença deve-se ter uma atitude positiva em relação ao trabalho. Como? Mantendo a confiança em si mesmo quando ocorrem fracassos, desenvolver relações positivas para com colegas e para com as pessoas que se atende. Ao mesmo tempo, devem estabelecer-se prioridades entre as tarefas e definir objetivos reais e flexíveis. Ainda, controlar o ritmo de trabalho e usufruir do tempo livre com atividades gratificantes. As responsabilidades laborais devem ser definidas, conhecer-se e controlar toda a sua área de trabalho e, ao mesmo tempo, usar todos os recursos disponíveis. Procurar ajuda sempre que necessário tanto ao nível técnico como emocional, aprimorar as habilidades de relacionamento interpessoal e manter sempre uma atitude de abertura uma vez que pode ser necessário, a qualquer momento, efetuarem-se mudanças no método e ambiente de trabalho. 

Fica como nota importante que deve cuidar de si, uma vez que o cuidado do outro depende do seu cuidado. Lembrar que é importante fazer parte da relação profissional com o cliente mas que esta relação não é a única. A saúde mental e física fazem parte da sua responsabilidade e são muito importantes para um bom desempenho laboral.