Atualmente tem-se vindo a presenciar nas
escolas, um aumento de problemas relacionados com a discriminação, a exclusão,
o bullying e o preconceito entre os alunos. Estes problemas influenciam de
forma decisiva e marcante a vida tanto académica como pessoal de quem os sofre.
Muitas vezes deixam marcas na auto-estima, auto-confiança, sentimentos de
vazio, solidão, desesperança, fracasso, descida das notas e em alguns casos,
abandono escolar. Torna-se, desta forma, necessário
desenvolver nos alunos uma atitude de combate à exclusão, à discriminação, ao
bullying e aos conflitos existentes na escola, estimulá-los a mudarem a
dinâmica da escola, as suas atitudes perante os outros, mostrando quem são, por
detrás dos rótulos e estereótipos e estando disponíveis para conhecer melhor os
outros, falando sobre muitos dos assuntos que
tornam o dia-a-dia na escola um problema e arranjando alternativas para a
resolução desses problemas. Assim, é preciso ajudar os alunos a entender
sinais de si próprios, os sentimentos dos outros, ouvir atentamente, comunicar
de modo eficaz e respeitar as diferenças, podendo ajudar a prevenir
comportamentos de risco, de forma a desenvolver relações sociais que levam a
uma vida saudável.
Existem modelos de desenvolvimento positivo que incidem
sobre a formação da identidade, a formação de caráter, promoção da saúde e
aprendizagem emocional e social. No que diz respeito à aprendizagem social e
emocional, esta desenvolve nos jovens competências para reconhecerem e gerirem
as suas emoções, compreenderem outros pontos de vista, estabelecerem objetivos
positivos, tomarem decisões responsáveis e lidarem eficazmente com situações interpessoais.
No contexto escolar, a aprendizagem social e emocional envolve a integração de
dois fatores inter‐relacionados – desenvolvimento de competências e ambientes de apoio − a fim de promover um desempenho
escolar bem‐sucedido e próprio desenvolvimento dos
jovens. Esta estratégia reforça a ideia de que o que aprendemos é afetado pela
forma como nos sentimos. Desta forma, aprender competências sociais e
emocionais é semelhante a aprender outras competências académicas, uma vez que
os efeitos da aprendizagem inicial são aperfeiçoados com o tempo, permitindo
aos alunos lidarem com situações cada vez mais complexas no desempenho
acadêmico, nas relações sociais e em cidadania. A
falta de programas de educação afetiva, acompanhados da falta de estimulação
emocional e afetiva no seio familiar, leva à incompetência social e à
incapacidade dos jovens para expressarem as suas necessidades e sentimentos de
forma eficaz. Assim, para além da importância do reforço destas competências na
dinâmica familiar, seria necessário dar-se mais atenção nas escolas aos aspetos
emocionais e afetivos dos alunos. Para isso, foi desenvolvida uma ação de
sensibilização na Escola Secundária de Vila Real de Santo António, baseada no
programa americano “Be the Change”, onde foi possível proporcionar algumas
dinâmicas de grupo com uma turma de 10º ano, no sentido de criar um espaço de
reflexão onde os alunos puderam estar disponíveis para expressar o que sentem e
o que pensam em relação a si e à escola, mostrarem um pouco mais de si e
conhecerem melhor os outros, de forma a promover competências de comunicação
eficazes, gestão de emoções e de conflitos, comportamentos de maior cooperação,
afeto, ajuda e interesse pelos outros. Neste sentido, estas dinâmicas poderão
ser úteis para minimizar e até mesmo eliminar problemáticas relacionadas com a
exclusão e os conflitos entre pares, promovendo sentimentos e comportamentos de
interajuda, cooperação e suporte emocional.
No entanto, é de salientar que o combate a estes problemas
não se faz apenas na escola. Este é um trabalho que deve ser desenvolvido,
principalmente pela família, devendo esta
oferecer-se como modelo de identificação e ter uma atitude de promoção do
diálogo e reflexão sobre aspetos como a “normalidade da diferença”, onde
reflitam sobre a ideia de que as pessoas diferentes não devem ser motivo de
gozo ou de exclusão.