2 de julho de 2013

Exclusão e Discriminação nas Escolas? Há Soluções!


Atualmente tem-se vindo a presenciar nas escolas, um aumento de problemas relacionados com a discriminação, a exclusão, o bullying e o preconceito entre os alunos. Estes problemas influenciam de forma decisiva e marcante a vida tanto académica como pessoal de quem os sofre. Muitas vezes deixam marcas na auto-estima, auto-confiança, sentimentos de vazio, solidão, desesperança, fracasso, descida das notas e em alguns casos, abandono escolar. Torna-se, desta forma, necessário desenvolver nos alunos uma atitude de combate à exclusão, à discriminação, ao bullying e aos conflitos existentes na escola, estimulá-los a mudarem a dinâmica da escola, as suas atitudes perante os outros, mostrando quem são, por detrás dos rótulos e estereótipos e estando disponíveis para conhecer melhor os outros, falando sobre muitos dos assuntos que tornam o dia-a-dia na escola um problema e arranjando alternativas para a resolução desses problemas. Assim, é preciso ajudar os alunos a entender sinais de si próprios, os sentimentos dos outros, ouvir atentamente, comunicar de modo eficaz e respeitar as diferenças, podendo ajudar a prevenir comportamentos de risco, de forma a desenvolver relações sociais que levam a uma vida saudável.
Existem modelos de desenvolvimento positivo que incidem sobre a formação da identidade, a formação de caráter, promoção da saúde e aprendizagem emocional e social. No que diz respeito à aprendizagem social e emocional, esta desenvolve nos jovens competências para reconhecerem e gerirem as suas emoções, compreenderem outros pontos de vista, estabelecerem objetivos positivos, tomarem decisões responsáveis e lidarem eficazmente com situações interpessoais. No contexto escolar, a aprendizagem social e emocional envolve a integração de dois fatores inter‐relacionados – desenvolvimento de competências e ambientes de apoio − a fim de promover um desempenho escolar bem‐sucedido e próprio desenvolvimento dos jovens. Esta estratégia reforça a ideia de que o que aprendemos é afetado pela forma como nos sentimos. Desta forma, aprender competências sociais e emocionais é semelhante a aprender outras competências académicas, uma vez que os efeitos da aprendizagem inicial são aperfeiçoados com o tempo, permitindo aos alunos lidarem com situações cada vez mais complexas no desempenho acadêmico, nas relações sociais e em cidadania. A falta de programas de educação afetiva, acompanhados da falta de estimulação emocional e afetiva no seio familiar, leva à incompetência social e à incapacidade dos jovens para expressarem as suas necessidades e sentimentos de forma eficaz. Assim, para além da importância do reforço destas competências na dinâmica familiar, seria necessário dar-se mais atenção nas escolas aos aspetos emocionais e afetivos dos alunos. Para isso, foi desenvolvida uma ação de sensibilização na Escola Secundária de Vila Real de Santo António, baseada no programa americano “Be the Change”, onde foi possível proporcionar algumas dinâmicas de grupo com uma turma de 10º ano, no sentido de criar um espaço de reflexão onde os alunos puderam estar disponíveis para expressar o que sentem e o que pensam em relação a si e à escola, mostrarem um pouco mais de si e conhecerem melhor os outros, de forma a promover competências de comunicação eficazes, gestão de emoções e de conflitos, comportamentos de maior cooperação, afeto, ajuda e interesse pelos outros. Neste sentido, estas dinâmicas poderão ser úteis para minimizar e até mesmo eliminar problemáticas relacionadas com a exclusão e os conflitos entre pares, promovendo sentimentos e comportamentos de interajuda, cooperação e suporte emocional.
No entanto, é de salientar que o combate a estes problemas não se faz apenas na escola. Este é um trabalho que deve ser desenvolvido, principalmente pela família, devendo esta oferecer-se como modelo de identificação e ter uma atitude de promoção do diálogo e reflexão sobre aspetos como a “normalidade da diferença”, onde reflitam sobre a ideia de que as pessoas diferentes não devem ser motivo de gozo ou de exclusão.