6 de novembro de 2013

O Conceito de Mãe-Galinha


“É preciso saber olhar para os olhos de uma criança
para saber o que vai na alma
 Torrente Ballester

Sem querer, de todo, exagerar no discurso lamechas, devemos defender ativa e efusivamente a postura inteligente dos educadores que, sendo mães (ou pais), percebem a responsabilidade e missão educativa permanente em acrescentar sempre algo mais, dando um “ar das suas graças”, nos projetos de vida dos seus filhos.
De facto, acredito que todos os pais coerentes, e não batoteiros com essa mesma definição de pais, desejariam possuir uma bola de cristal mágica que lhes transmitisse, vinte e quatro sob vinte e quatro horas, em canal aberto e em detalhe, tudo o que de menos simpático fosse acontecer na vida futura dos seus filhos.
Em seguida, mantendo a mesma coerência de pessoas equilibradas e mentalmente sãs, de certeza que vestiriam a capa de super-heróis, guardada no roupeiro do quarto e sempre bem escondida dos olhares curiosos dos filhos, voando em busca de soluções fantásticas que salvariam os filhos de todos os males. Claro que, na realidade, menos mágica e, quase sempre, mais dura e complexa, tal atuação protetora defensiva e permanente torna-se impossível e sufocante para todos os intervenientes neste filme e “negócio” familiar que define o relacionamento afetivo e sentimental entre pais e filhos.
Contudo, torna-se importante realçar, a conveniência de serem teimosos (peço desculpa, perseverantes) e insistirem, ao longo do tempo, no beijinho de “bons dias” ou o beijinho de despedida quando os deixam na escola, mesmo sendo estes já adolescentes, sabendo que certamente os vai brindar com um “olhar de soslaio” durante uns longos segundos. Convém também não esquecer o telefonema ao meio-dia a indagar se o dia de trabalho corre bem, mesmo que, num desses telefonemas, se apercebam que interromperam uma reunião (pseudo)importante do seu filho.
Se, paralelamente à essência protecionista sempre presente no conceito de educadores “mães-galinhas”, encontrarmos outras duas principais essências como sãos as do Respeito e Dignidade pelos espaços de identidades únicas e diferentes dos seus filhos, acreditamos que os pais poderão “mimar” à vontade. Podemos, assim, concluir que, as crianças mimadas e que são amadas na infância, de certeza que, provavelmente, estarão aptas a amar e educar com mais qualidade na fase de vida adulta e tornar-se-ão, também elas, pais com mais ferramentas e armas pacíficas para conquistarem territórios de afetos e cumplicidades dos seus filhos.