7 de abril de 2015

Hiperactividade Infantil



Não é um problema de moda, 
nem uma questão de imaturidade 
ou de má-educação”
Ana Rodrigues e Nuno Lobo Antunes


“…O Tiago tem 8 anos de idade e frequenta o 3º ano de escolaridade. Foi expulso três vezes da sala de aula na mesma semana. O professor refere que é muito agressivo com os colegas. Nunca está calado, quando não está a falar ou a gritar, faz barulho de qualquer maneira para chamar a atenção. Se tiver algo a dizer interrompe os colegas, sem esperar a sua vez. Os pais não sabem o que esperar quando vão buscá-lo à escola, pois quase todos os dias recebem queixas por parte do professor, por vezes, perguntam-se o que fizeram de errado para estarem a lidar com esta situação. Sentem-se culpados…” 

Grande parte dos pais ou tutores, questionam-se sobre a capacidade de educar os filhos, sentindo-se por vezes, inseguros nas suas competências parentais.
- “Será hiperativo?”
 - “Onde errei?”
- “Dizem que é insuportável!”
Estas são algumas das mais frequentes dúvidas que os pais das crianças com hiperatividade, enfrentam diariamente. Na sua maioria, quem lida com esta perturbação, é colocado à prova constantemente e tem a difícil tarefa de gerir os comportamentos associados a esta desordem. Afim de suprir algumas dificuldades, os pais devem tentar informar-se o melhor possível acerca da perturbação do seu filho.

Nesta tarefa, o papel dos técnicos responsáveis é determinante na “educação” de todos os agentes que interferem direta ou indiretamente no desenvolvimento destas crianças, de modo a aconselhar em aspetos como a comunicação, disciplina ou sucesso escolar.
A notícia de que os filhos podem ter uma perturbação (de qualquer ordem), nem sempre é bem recebida, e os pais para ultrapassarem esta situação de forma ponderada e organizada, devem saber reconhecer os sinais afim de se realizar uma avaliação especializada rapidamente. Por norma, este é um processo moroso que requer habituação e persistência.

O desempenho escolar dos filhos é outra das preocupações, tendo a escola um papel importante a desempenhar na procura de estratégias adequadas e exequíveis às necessidades e envolvimento dos encarregados de educação e técnicos neste processo.

 Segundo esta perturbação, pode ser identificados alguns sinais de alerta: “Não presta muita atenção aos pormenores ou comete erros por descuido nas tarefas escolares, nos trabalhos ou noutras atividades lúdicas;  dificuldade em manter a atenção em tarefas ou atividades;  dificuldade em seguir instruções e não conclui os trabalhos escolares, as tarefas ou os deveres; distraí-se com facilidade e frequência de estímulos irrelevantes; mexe excessivamente as mãos e os pés, ou contorce-se na cadeira; na sala de aula ou noutras situações em que se espera que permaneça sentada, levanta-se muitas vezes da cadeira; corre de um lado para outro ou trepa coisas de forma excessiva e em situações em que tal é inadequado; fala muitas vezes excessivamente ; responde a questões, antes de estas terem sido concluídas; tem com frequência dificuldade em esperar a sua vez, por exemplo em situações de grupo; interrompe os outros ou incomoda-os (por exemplo, intrometendo-se em conversas ou em jogos).
Os sintomas surgem, normalmente, em simultâneo com a entrada no 1º ciclo do ensino básico, ao serem comprovadas estas manifestações em dois ou mais contextos (escola, casa ou em situações sociais).

Afim de realizar uma correta avaliação, deve ser identificadas provas evidentes de interferências no comportamento social e escolar, que alterem significativamente o funcionamento da criança, sem que sejam também diagnosticadas outras perturbações de foro psiquiátrico. É importante perceber que este é um problema do desenvolvimento de cada um, e progride com a incapacidade de focar a atenção necessária em determinadas tarefas, e em alguns casos, com episódios de excessiva impulsividade ou hiperatividade. Para chegar a um diagnóstico, é fundamental a concretização de uma avaliação que envolva necessariamente a recolha de informação com a criança, pais e professores. O diagnóstico deve ser completado com uma avaliação médica, psicológica e psicopedagógica. As terapêuticas a utilizar, serão indicadas pelos profissionais, a partir desta avaliação.


Elaborado por: Patrícia Santos