“É
preciso saber olhar para os olhos de uma criança
para
saber o que vai na alma”
Torrente Ballester
Sem querer, de todo, exagerar no discurso lamechas, devemos
defender ativa e efusivamente a postura inteligente dos educadores que, sendo
mães (ou pais), percebem a responsabilidade e missão educativa permanente em
acrescentar sempre algo mais, dando um “ar das suas graças”, nos projetos de
vida dos seus filhos.
De facto, acredito que todos os pais coerentes, e não
batoteiros com essa mesma definição de pais, desejariam possuir uma bola de
cristal mágica que lhes transmitisse, vinte e quatro sob vinte e quatro horas,
em canal aberto e em detalhe, tudo o que de menos simpático fosse acontecer na
vida futura dos seus filhos.
Em seguida, mantendo a mesma coerência de pessoas
equilibradas e mentalmente sãs, de certeza que vestiriam a capa de
super-heróis, guardada no roupeiro do quarto e sempre bem escondida dos olhares
curiosos dos filhos, voando em busca de soluções fantásticas que salvariam os
filhos de todos os males. Claro que, na realidade, menos mágica e, quase
sempre, mais dura e complexa, tal atuação protetora defensiva e permanente
torna-se impossível e sufocante para todos os intervenientes neste filme e
“negócio” familiar que define o relacionamento afetivo e sentimental entre pais
e filhos.
Contudo, torna-se importante realçar, a conveniência de
serem teimosos (peço desculpa, perseverantes) e insistirem, ao longo do tempo,
no beijinho de “bons dias” ou o beijinho de despedida quando os deixam na
escola, mesmo sendo estes já adolescentes, sabendo que certamente os vai
brindar com um “olhar de soslaio” durante uns longos segundos. Convém também
não esquecer o telefonema ao meio-dia a indagar se o dia de trabalho corre bem,
mesmo que, num desses telefonemas, se apercebam que interromperam uma reunião
(pseudo)importante do seu filho.
Se, paralelamente à essência protecionista sempre presente
no conceito de educadores “mães-galinhas”, encontrarmos outras duas principais
essências como sãos as do Respeito e Dignidade pelos espaços de identidades
únicas e diferentes dos seus filhos, acreditamos que os pais poderão “mimar” à
vontade. Podemos, assim, concluir que, as crianças mimadas e que são amadas na
infância, de certeza que, provavelmente, estarão aptas a amar e educar com mais
qualidade na fase de vida adulta e tornar-se-ão, também elas, pais com mais
ferramentas e armas pacíficas para conquistarem territórios de afetos e
cumplicidades dos seus filhos.