2 de agosto de 2012

A Depressão no Idoso




A depressão é uma doença mental que afecta pessoas de todas as idades. De um modo geral, a prevalência da depressão tende a aumentar com o avançar da idade e é, por isso, nas pessoas mais idosas que ela atinge os índices mais elevados de morbilidade e mortalidade. 
A depressão major, a mais frequente, define-se como uma perturbação mental que apresenta cinco sintomas principais com duração de pelo menos duas semanas. Estes sintomas englobam tristeza intensa e/ou profunda falta de interesse nas actividades que habitualmente dão prazer, dificuldades no sono, alterações do apetite/peso, fadiga ou perda de energia, lentificação/agitação, sentimentos de desvalorização ou culpa, dificuldade em tomar decisões e pensamentos de suicídio. Contudo, há que salientar que a depressão pode manifestar-se de modo diferente, de pessoa para pessoa. 
As suas causas podem ter vários factores, sendo eles: sociais, biológicos, físicos e/ou psicológicos. Os factores sociais podem estar ligados: à falta de suporte familiar que se intensifica pela perda de entes queridos, ao isolamento, a restrições financeiras e também à falta de ocupação de tempos livres. Já os factores biológicos podem estar relacionados com perdas sensoriais e cognitivas, com alterações do ritmo cardíaco, do sono, alterações da linguagem e memória. Os factores físicos podem estar ligados a: polimedicação, problemas de visão, audição, incapacidade para realizar as tarefas da vida diária e à existência de outras doenças. Por fim, os factores psicológicos podem encontrar-se associados a uma baixa auto-estima, à auto-percepção incorrecta do estado de saúde, às mudanças de vida percepcionadas como negativas, a alterações cognitivas e também à ansiedade ou frustração. 
Quando se fala da depressão no idoso torna-se muito importante estabelecer um correcto diagnóstico do problema, uma vez que coexistem outras patologias, nomeadamente, físicas ou psiquiátricas. Por exemplo, podem ocorrer casos em que a sintomatologia de um quadro de demência inicial é semelhante à da depressão. Deve também ser verificado se o idoso possui alguma doença clínica que esteja relacionada com depressão ou se utiliza algum medicamento que esteja a desencadear sintomas depressivos. Alguns idosos podem expressar a depressão através de sintomas físicos como, por exemplo, cefaleias ou dor crónica em vez de sintomas emocionais mais vulgares. Em consequência, existe alguma dificuldade em elaborar um correcto diagnóstico deste quadro clínico na medida em que assume formas incaracterísticas, muitas vezes, difíceis de diagnosticar e, consequentemente, de tratar. 
O tratamento da depressão tem como finalidade reduzir o sofrimento psíquico causado pela doença, diminuir o risco de suicídio, melhorar o estado geral do paciente e garantir-lhe uma melhor qualidade de vida dentro das suas capacidades. Uma das estratégias de intervenção utilizadas é a psicoterapia. É importante que se identifique o ou os factores que estão a desencadear o processo depressivo ou, em certos casos, até mesmo agravando a depressão. Além disso deve-se ainda orientar os familiares, os cuidadores e o próprio doente. Por vezes, torna-se necessária também uma intervenção ao nível da farmacologia. Esta é recorrida quando os sintomas de depressão colocam em risco a condição clínica do doente e quando o sofrimento psíquico é significativo. 
É de salientar que, em muitos casos, os idosos tendem a negar a sua depressão por não se quererem sentir “farrapos velhos” ou nem “um peso para os outros”. Não procuram tratamento por negarem estar deprimidos, apesar de se sentirem dessa forma, ou simplesmente por não reconhecerem ter um problema. A adaptação individual ao processo de envelhecimento pode tornar a pessoa mais vulnerável à depressão comprometendo toda a sua qualidade de vida. Além disso existe ainda um risco acrescido deste vir a desenvolver um processo demencial. 
As sociedades ditas civilizadas e modernas privilegiam a juventude em relação à velhice e os idosos acabam por ser excluídos da produção/actividade, muitas vezes contra a sua própria vontade, ficando isolados, com carências económicas e adoecendo por falta de recursos para a saúde. A situação torna-se ainda mais grave no caso dos residentes em instituições uma vez que se encontram afastados do seu ambiente familiar habitual e, por vezes, isolados da actualidade cultural, experimentando a sensação de abandono, de dependência e inutilidade. 
As queixas e os pequenos sinais dos idosos devem ser mais valorizadas pois, é muito frequente, aqueles que os rodeiam e com quem convivem associem o seu estado de melancolia e tristeza à sua idade avançada e a outros factores considerados comuns.