22 de julho de 2014

Psicoterpia: Tempo e Compromisso


“A única coisa que se aprende 
e realmente faz diferença no comportamento da pessoa que aprende 
é a descoberta de si mesma.” 
Carl Rogers

Hoje as pessoas estão mais sensibilizadas para a importância dos psicólogos, para a necessidade de procurar ajuda psicológica mas por vezes mostram-se decepcionadas pela intervenção proposta ou com a falta de resultados imediatos.
A psicoterapia envolve um processo de mudança da pessoa, da forma de perspectivar a vida, de se relacionar com os outros e certamente uma mudança no seu eu, de modo a que a pessoa se encontre mais próxima daquilo que deseja ser e em se sinta mais em paz consigo própria.
Tal como nesta fase do ano as pessoas procuram estratégias para apresentar um corpo elegante no Verão, muitas procuram também formas de ser mais felizes, mais amadas, mais realizadas.
No que toca ao emagrecimento, sabemos que existem todo o tipo de produtos, mais de marketing do que outra coisa, que prometem dietas milagrosas, corpos esculturais, tudo sem dor, sem esforço e sobretudo sem ter de mudar nada no que toca ao estilo de vida.
Também no que toca ao bem-estar psicológico existem também muitas promessas de soluções milagrosas, desde livros de auto-ajuda, a tratamentos express, terapias alternativas, medicamentos sem efeitos secundários, entre outros. Tanto num caso como noutro, quase todos tem duas premissas em comum: a urgência dos resultados imediatos (não há tempo a perder!) e pouco esforço envolvido (sem compromissos nem cedências).
Sabemos pela experiência que os resultados obtém-se com a combinação de vários componentes: consulta a especialistas, medicação, auto-ajuda, mas que não dispensam dois factores importantíssimos: tempo (só intervenções com a duração adequada permitem realizar alterações significativas e portanto duradouras) e compromisso com a mudança (a pessoa necessita estar empenhada de forma consistente com o esforço que é necessário para mudar).
Nesta fase, poderíamos comparar o psicólogo a personal trainer. Ele trabalha com a pessoa, semanalmente, após ter feito um estudo aprofundado das melhores estratégias para atingir os resultados propostos, acompanha os progressos, exige o esforço, motiva para a mudança e monitoriza os resultados. Mas que tem de fazer o esforço (ou o exercício!) é a própria pessoa.

Quando na consulta apresentamos ao nosso cliente aquilo a que chamamos um contrato terapêutico, que no fundo remete para o compromisso que iremos estabelecer para efectivar as mudanças necessárias, deparamos com pessoas surpresas,  pouco disponíveis para  investir o tempo necessário ou com dificuldade em iniciar o processo de mudança.
Uma vez ultrapassada esta barreira inicial, quando as pessoas que se conseguem comprometer-se e manter esse compromisso no tempo, obtém resultados, sente-se cada vez mais capazes de encarar e resolver os seus problemas, bem como tem relações mais estáveis e gratificantes com os outros. São pessoas menos surpreendidas pelos acontecimentos da sua vida, capazes de uma maior auto-analise e que mesmo em momentos difíceis, conseguem não perder de vista o seu projecto de vida. 
Mesmo depois de ter alta, muitos clientes mantém o psicólogo como uma referência para momentos determinantes da vida (casamentos, divórcios, nascimento de filhos, ou processos de luto). Outras trazem os familiares para que possam ser apoiados da mesma forma. O objectivo final, é que a pessoa consiga interiorizar um método de gerir a sua própria vida, aprendendo a reflectir, agir e relacionar-se mais de forma mais saudável.
Sabemos que são muitos aqueles que desistem antes de chegar a esta etapa, mas tal como no ginásio, arrisque a frequentá-lo por um ano inteiro e depois comparar os resultados. 

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